segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sumidades- A dádiva da merda

O pombo cagou na cabeça da criatura. Mediana, morena, iniciando o dia. Leva, portanto, excretas fartas no centro da cabeça.
Xinga. Palavras feias, indizíveis. Encoleriza. Maldiz o Criador por ter tido a idéia estúpida de permitir que seres voadores caguem. Vantagem evolutiva maldita.
Disfarça e confere se há alguém que possa ter visto a cena. Merda. Merda na cabeça, merda de pombo. Ou pomba, não pode ver. Delicadamente, confere se conseguiria retirar a sujeira. Não, está amolecida como deve ser a merda de pombo.
Decide. Voltará para casa, não há alternativa. Não pode ir trabalhar suja, ficará cheirando o dia inteiro. Além da raiva, claro. Não, definitivamente não terá condições de ir ao trabalho. Irá para casa tomar banho.
Reavalia, considera. Não pode ir trabalhar, mas ir para casa? O dia esta lindo, gostaria de ser um pombo e cagar displicentemente nas cabeças das pessoas. Dia livre, a partir de agora.
Pensa, decide. A pomba libertou-a e o dia agora é uma página em branco, originada da merda.
Vai para a estação e pega o primeiro ônibus para a praia. Lavaraá-se na água do mar, é melhor. E satisfaz-se com a dádiva da merda.

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