quarta-feira, 9 de maio de 2012

Declaração de óbito de uma flor




Morreu hoje, novedemaiodedoismiledoze, às dezesseis horas e dois minutos, uma flor. Chamava-se Flor, tinha seis meses de idade e morreu de causas naturais. A cuidadora assistente informou que Flor vinha agonizando há duas semanas, foi transfundida e transplantada de vaso, mas não resistiu às sérias decepções que vinha sofrendo. Foi plantada por japoneses, cresceu rósea e sua única pretensão era viver incólume de amor. Viveu por dez dias numa estufa, próximo à soberba sessão das orquídeas, numa felicidade débil e plena. Fortuitamente, foi adotada por um descuidado e chegou a essa residência com promessas de crescimento e prosperidade. Era vizinha de uma samambaia e recebia o Sol todas as manhãs. Flor floriu uma vez, mas não deixou herdeiros. Os japoneses informaram que não estarão presentes no enterro. Tenhamos compaixão desse ser que veio como emblema sentimental e parte como esterco.

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